- quem sou eu

Foge disso, mesmo sabendo que não há como. Não por não saber quem é - sabe, mesmo que seja um pouco loucamente - mas sim, por pudor de não querer mostrar aos outros os vários lados de uma única pessoa, de um ser- humano preso em suas mais medonhas paranóias.

É tão difícil descrever a si próprio, as palavras fogem de sua mente como em uma última tentativa de liberdade. Elas não gostam de se reduzir as descrições de quem as escreve. Ficam rebeldes como sempre foram, mas nesse estado já não tem mais o poder de domá-las. Então acabemos com essa prolongação de desculpas e comecemos finalmente:

Sonhadora ao extremo; vive nas nuvens, dorme nelas e já fez delas a sua mais perfeita casa. Mas sem querer ás vezes cai de lá e se machuca. Passa um tempo prometendo nunca mais tentar subir lá de novo, mas a promessa falha. Sempre se cansa do mundo chato e cruel da realidade e sobe para mais perto do céu novamente.

Afunda-se em livros intermináveis e filmes inesgotáveis com a esperança de um dia poder viver um daqueles romances, uma daquelas tragédias. Mas quando se cansa de ver e ler, gosta de inventar suas próprias histórias, e escrevê-las em infinitas páginas, nos mais minuciosos detalhes como se assim pudesse dar vida aquilo e fazer dela a protagonista do conto mais emocionante.

Não se engane: ela não é só a menina inocente que sonha em ser a princesa de um castelo. Tem tantos lados quanto podem ver, tem tantas façanhas quanto podem executar e também tem tantas criticas e verdades quanto podem agüentar escutar de uma boca, que num dia bonito de sol declama os mais lindos poemas, mas que nós dias nublados de inverno transforma as palavras em sua mais poderosa arma.

No final ela só sabe mesmo que adora essa imperfeição de tudo, de um mundo aonde as pessoas desejam veemente o perfeito, mas que se pudessem viver de verdade nele... Clamariam novamente pelos erros e mentiras.