- considerações atrasadas sobre 2012

Sei que o assunto já encheu mas acho que ainda tá em tempo, já que no Brasil o ano só começa depois do carnaval.

Nunca fiz lista de resoluções. Seja de ano novo ou qualquer outra coisa. Há uma preguiça dentro de mim que me impede até de me enganar, porque pode não parecer, mas é muito mais trabalhoso do que enganar qualquer outra pessoa.

Além das famosas listinhas, existem as simpatias. Ah, as simpatias. Comer lentinha para trazer sorte, e colocar romã na carteira para ter dinheiro o ano todo. Quem nunca pelo menos pensou em se arriscar?Porque mal também não faz.

Sempre reclamei demais -quase o tempo todo- por não ser exatamente uma pessoa sortuda, e ria sarcasticamente do comercial da Caixa que afirmava: para sorte todo mundo é igual. Parei de acreditar nela e em seu antônimo quando percebi que continuava perdendo na rifa e na telesena mesmo com um gato preto dormindo embaixo do meu teto -sim, eu tenho um gato preto.

No final deste ano você talvez tenha a sorte –porque convenhamos que você será um sortudo se sobreviver a mais um ano com o tanto de tragédias que pode te acontecer a cada milésimo de segundo- de estar na mesma situação ou em uma ainda melhor do que a do ano anterior, e você não vai se lembrar se sua calcinha ou cueca era vermelha, branca ou amarela e se por causa disso seu ano teve amor, paz e dinheiro. Talvez nem se lembre do seu nome à meia noite. Sorte é um acaso, um risco que se corre de sempre não se ter do lado. E que quando se tem, pode se ter a certeza de que não está ali pela cor da sua roupa intima.

Que parem as matanças dos coelhos para roubar seus pés. Que deixem os cavalos com suas ferraduras, porque a sorte não costuma vir da morte e do conforto de pobres coitados.

E agora que o ano já não é mais tão novo, me diz: você já não sente a velhice que carregava no bolso sair de mansinho?