- retrospectiva literária 2011

• Livros lidos em 2011

A Rainha dos Condenados [Anne Rice],  O Que Toda Mulher Inteligente Deve Saber [Steven Carter e Julia Sokol], Amor em Minúscula [Francesc Miralles], A Sombra do Silêncio [Mino Carta], Cinco Minutos [José de Alencar], A Viuvinha [José de Alencar], Lolita [Vladimir Nabokov], Memórias de um Sargento de Milícias [Manuel Antônio de Almeida], Diário de Débora [Liliane Prata], Desventuras em série vol. 2 [Lemony Snicket], Limite Branco [Caio Fernando Abreu], O Seminarista [Bernardo Guimarães], Lira dos Vinte Anos [Álvares de Azevedo], Corporação Crepúsculo [Anthony Horowitz], Desventuras em série vol. 3 [Lemony Snicket], O Escafandro e a Borboleta [Jean-Dominique Bauby], Desventuras em série vol. 4 [Lemony Snicket], Tales of Mistery and Imagination [Edgar Allan Poe], Doidas e Santas [Martha Medeiros], A Viagem [Virginia Woolf], Desventuras em série vol. 5 [Lemony Snicket], Desventuras em série vol. 6 [Lemony Snicket],  Chão de Vento [Flora Figueiredo], A princesa que enganou a morte e outros contos [Sonia Salerno Forjaz], O Despertar da Primavera [Frank Wedekind], Noite e Dia [Virginia Woolf], O Quarto de Jacob [Virginia Woolf], Comédias Para Se Ler Na Escola [Luís Fernando Veríssimo], Desventuras em série vol. 7 [Lemony Snicket], O Ateneu [Raul Pompéia], O Perfume [Patrick Süskind]. Ufa!

Legenda: Preferidos; Abandonados (não abandonei nenhum!)

• Casal mais apaixonante

Confesso que não torço para casais -sim, eu gosto de finais tristes- porque ou eu acho um deles muito idiotas ou então eu quero muito o cara para mim e como eu tenho consciência -não sou nenhuma dessas loucas desvairadas- de que nunca vou poder te-lo não quero que termine com ninguém- Louis de Pointe du Lac e Lestat Von der Licourt são meus para sempre e ninguém tasca! - acabo nesse eterno ciclo de não achar nenhum casal apaixonante, mas esse ano houve uma exceção: Eugênio e Margarida de O Seminarista.

 Deixo vocês com minhas palavras cheias de adrenalina no histórico de leitura do skoob: PQP Bernardo Guimarães, que amor tão lindo! O final é esse mesmo, assim? Então, mas se tivesse terminado de um jeito mais previsível teria odiado. Senti falta de um rumo definitivo, com aqueles pontos finais bem pingados, mas Eugênio e Margarida são sem adjetivos a altura."

Torci por eles porque afinal não quero desencaminhar futuros padres desse Brasil. Sou uma moça direita.

• Virei a noite lendo

Não virei a noite lendo. O tempo que tenho para dormir agora é muito precioso, se por um acaso isso acontece no outro dia não consigo levantar da cama.

• Chorei de soluçar

Por mais triste que possa ter sido algumas histórias eu não chorei. Acho que foi porque dessa vez não li nenhuma história de cachorros extremamente leais que não são poupados pelo tempo. O que não significa que eu não tenha visto nada assim. Esperem minha retrospectiva de filmes.

• Decepção do ano

Noite e Dia. Quando comprei o box da Virginia Woolf achava que ela iria se tornar uma das minhas escritoras favoritas por toda aquela história do suicídio. Decepção. Apesar de ter gostado de A Viagem, Noite e Dia, que em muita resenha por aí as pessoas garantiam ser o "romance" de Virginia, não me agradou nem um pouquinho. Muito vai e volta, desencontros, draminhas desnecessários para voltar ao mesmo lugar. Não gostei.

• Livro irrelevante do ano

O Diário de Débora da Liliane Prata. O título já diz tudo, mas decidi deixar o preconceito de lado e dar uma chance para ver se ela conseguia repetir o bom trabalho que havia feito em Uma bebida e um amor sem gelo, por favor. Continuou sendo um bom trabalho, mas confesso que ando um tanto saturada de leitura adolescente, e tive minha lição aprendida com Gossip Girl: Você sabe que me ama.

• Grifei

Quando terminei só conseguia ficar revoltada e pensar: Por que o autor teve que morrer em um naufrágio sem escrever um segundo livro?Que vida injusta e cruel! Manuel Antônio de Almeida me deixou chupando dedo porque Memórias de Um Sargento de Milicias, com as histórias da vida de Leonardo filho me fizeram rir, ficar apreensiva, torcer por ele e assistir a cada descoberta sua sobre a vida com grande alegria.

Não sei o que me fez gostar mais do livro. Se foi o fato de ter uma narrativa que não ignora o leitor que está do outro lado ou  daquele gostinho de se sentir parte de tudo que acontece. Só sei que no fim do livro queria mais, e infelizmente, não tinha. Tá aí mais um motivo para se odiar navios -o primeiro é o Jack ter morrido em Titanic.

• O pior livro de 2011

Com toda a certeza O Que Toda Mulher Inteligente Deve Saber de Steven Carter e Julia Sokol. Eu sei que auto-ajuda não é meu estilo literário preferido, mas afinal, quem não fica curiosa com um título desses?Sabe aquele negócio de: a curiosidade matou o gato?Então, a curiosidade quase me matou sufocada de desrespeito e grosseria enquanto virava as páginas do livro. Curta a minha revolta no histórico de leitura do livro aqui.

• Soco no estômago

Esse pódio vai ser dividido entre Lolita do Vladimir Nabokov e O Escafandro e a Borboleta de Jean-Dominique Bauby -que conheci através da dona do Nas EntreLinhas- por terem quase me nocauteado e ter feito da minha visão algo mais amplo.

Lolita conta a história fictícia de Humbert, obcecado sexualmente por uma garota que está na pré-adolescência que ele chama carinhosamente de Lolita. Já havia tentado outra vez ler o livro mas sentia ondas de enjoo tão forte ao virar as páginas que acabei desistindo e só dando uma nova oportunidade para a história agora, três anos depois.

Apesar de Vladimir ter muito bom gosto na narrativa e conduzir a novela de maneira muito delicada -não retratando cenas de sexo, nem nada- a ideia era muito perturbadora. Tomei coragem e fui a luta. Depois de um tempo para se "acostumar" com a ideia o livro fluiu de maneira incrível. Lolita é uma das personagens mais marcantes a quem já fui apresentada em toda minha vida e mesmo que você tenha repulsa pelo assunto, digo que vale muito a pena, mesmo que você tenha que fechar o livro algumas vez para dar uma respirada.

O Escafandro e a Borboleta conta a história real de Bauby, que sofreu acidente vascular cerebral e entrou em coma depois de bater o carro. Ainda no hospital descobriu que perdera toda a mobilidade do corpo e a única forma de comunicação com o mundo exterior era piscando o olho esquerdo. Essa condição é conhecida como síndrome do encarceramento. Não precisa dizer mais nada, né? A série House fez um episódio em sua quinta temporada sobre essa síndrome, vale a pena ver. O livro também acabou virando filme. Uma citação do livro:

"Será que eu era cego e surdo ou será que a luz de uma desgraça se faz necessária para iluminar a verdadeira face de um homem?"

• O mais chato

O Ateneu. Foi um sacrifício do começo até o fim. Comecei o sacrilégio em outubro e só consegui termina-lo em dezembro, e olha que ele só tinha 189 páginas. Amaldiçoei Raul Pompéia mesmo já estando bem enterrado.

• Abandonei

Sempre achei feio abandonar livro, acho um desrespeito com o autor, que querendo ou não teve trabalho em elaborar tudo. Esse ano consegui resistir, apesar de ás vezes muito torturante, até a última página dos livros. Eba!

• Morri de rir

Comédias Para Se Ler Na Escola. O quão óbvio é?Luis Fernando Veríssimo é um mestre, assim como o pai, na arte de escrever. Aprendi o significado de palavras que nem sabia que existiam, como defenestrar. Espero algum dia conseguir escrever diálogos como Rápido.

• Aventura/fantasia/infanto-juvenil

Essa categoria vai para Corporação Crepúsculo da série O Poder dos Cinco de Anthony Horowitz. Uma história tão despretensiosa de inicio mas que acabou fazendo com que criasse certo carinho pelos personagens e que conseguiu suprir a falta que alguns livros fazem.

• Bate bola de personagens

Personagem masculino mais apaixonante:  Samuel, de Amor em Minúscula. Porque desde Whatever Works do Woody Allen me apaixono por todo homem solitário e reflexivo.
Personagem feminina que eu queria ser: Carlota de Cinco Minutos. Tirando a parte de estar doente, claro. Ela achou o homem de sua vida porque ele acabou se atrasando cinco minutos. A partir desse livro nunca mais quis ter pontualidade britânica.
Personagem mais chato: Sérgio. Comecei a ler O Ateneu pensando em repetir a dose de Memórias de Um Sargento de Milicias mas nada feito. Com suas memórias chatas, Sérgio conseguiu a proeza de ser ainda mais entediante.
Personagem mais perturbador: Jean-Baptiste Grenouille de O Perfume. O subtitulo do livro é: A história de um assassino. Não precisa de mais, né?
Personagem que mais me identifiquei: Posso dizer que com praticamente todos de Limite Branco do Caio Fernando Abreu. Em especial o Maurício com suas perguntas sem respostas. Falo disso aqui.

• O melhor livro de 2011

Amor em minuscula. Conheci o livro no blog Leitmotiv e fiquei muito curiosa para saber se era tudo aquilo que a Jana falava. Era, e um pouquinho mais. Com uma narrativa charmosa, personagens apaixonantes e diálogos muito bons, a história de um gato que entra na vida de Samuel para vira-la de cabeça para baixo e correr atrás da menina do beijo de borboleta, me conquistou.

Além de cativante em todos esses sentidos me ajudou a ampliar o vocabulário com palavras como:

anódina, idílico, lépidos, pantomima, oligarquia, ensamblando e behaviorista (não sei aonde vou conseguir encaixar tanta palavra estranha, mas vai que...)

Quotes:

"Cada solidão é única e não se assemelha a nenhuma outra; tem seus próprios motivos de existir."

"Mil velas podem ser acesas com uma única vela, e a vida da vela não será por isso mais curta. A felicidade nunca míngua por ser compartilhada." 

"(...) Como se o fato de tê-la gravada me permitisse reter uma pequena parte de sua alma para sempre."