- ode ao medo

I Am Not A Robot - Marina & The Diamonds

Se tem algo nessa vida em que sou boa é sentir medo. Não é motivo de orgulho para maioria, eu sei, mas sempre me pareceu que sou meio do avesso, então só não me assusto mais.

Sinto medo do guarda-chuva se teletransportar da bolsa quando as primeiras nuvens se formam. Sinto medo de decepcionar, de continuar sempre do mesmo tamanho, de confessar que não gosto de brigadeiro para estranhos. Tenho medo de não achar bom, de não achar ruim, ou pior: de não achar nada. Sinto medo de ser feliz, de não conseguir tirar o sorriso bobo do rosto, porque nesse mundo só pessoas de cara fechada são levadas a sério. Sinto medo até de sentir tanto medo assim.

Mas eu que ando vivendo com os batimentos cardíacos acelerados devido aos sustos diários, gostaria de oferecer uma ode à ele, já que ninguém mais parece disposto a faze-lo.

Ode ao medo que me faz parar no sinal vermelho e me faz não confiar na sorte. Aquele também que impede que um dia eu vá acrescentar o número de estatísticas lamentáveis do nosso país. Ao que contrariando tudo, faz com que criemos coragem para mudarmos, aquele mesmo que toca no fundo da consciência quando deitamos no sofá sabendo que temos mais o que fazer. Ode principalmente ao medo, que me mostra que tenho algo a perder, porque amo. E é muito bom poder acreditar, pelo menos de vez em  quando, que tudo que você precisa está embutido em uma palavra de apenas quatro letras.

Mas é sempre bom deixar claro que não gosto do medo desvia a felicidade do meu caminho, do que impede as coisas de serem, de existirem, apesar de todos os pesares, de terem seus merecidos pontos finais.

Ode ao medo que nunca esteve debaixo das nossas camas, mas em um lugar ainda pior: nas nossas mentes.