- Era preciso botes, coletes e coragem


Lúcia trabalhava numa pequena
empresa como tesoureira.
Tinha mesa, cadeira 
e um pote de lapiseiras.

Suas férias venceram 
no mês de março,
e tudo que queria era
um lugar sem mormaço.

Preferiu as palmeiras
e o frescor do vento.
A areia vinha junto 
para seu aborrecimento.

Numa noite entre as ondas
viu um brilho no horizonte
Era um homem?Um rapaz?
estaria a se afogar?

Colocou um pé na água
achou gelada demais.
Azar seria o dele
se não soubesse nadar

Pensando no fim do pobre
passou o resto dos dias.
Esperava seu regresso
em meio a calmaria.

Agora que o mar era 
bom até para pescaria
quem sabe não o fisgavam
e davam fim a essa agonia.

As férias acabaram
e se despediu do mar
sem nunca ter certeza
do que viera a avistar.

Lúcia saberia 
de agora
para todo o resto 
de sua vida:

Das ondas do mar 
nada pode se esperar
Elas trazem e levam
é preciso ter coragem e buscar.

(Mesmo com a água gelada
sem bote ou colete salva vidas.
Porque no final todo mundo se afoga
é questão de quando, hora e dia.)

Comentários

Renata disse…
vamos falar sobre o mar?
Luís Monteiro disse…
É bem verdade que tudo que o mar trás ele leva de volta. Se a gente não tiver um anzol ou uma ancora para segurar o que às vezes ele traz, acaba que as coisas voltam, para o mesmo lugar da onde veio.

Boa tarde, "_"
Henrique Miné disse…
nossa, lindo esse final aí, hein! Puta merda! Poesia gostosa de se ler, gostei muito!

beeeijo!
Anônimo disse…
forte e molhado, como o mar.

como seu comentário-maré no meu empório.
Anônimo disse…
afinal quem é você, que comenta, inspira e sublima por aí?
Anônimo disse…
não sei se entendi totalmente seu comentário, mas sei que gostei de você; gosto de espontaneidade.

e um pouco de mistério também - ainda não sei quem é você.
Unknown disse…
Adorei, parabéns.

http://blogdanielice.blogspot.com.br

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