- foi o resto da vida inteira que me fez assim

Se não fossem os pedacinhos de papéis encontrados nos meios dos livros e essa mania de pressupor, não seria eu. Se não fosse as madrugadas assistindo Tal Mãe, Tal Filha,  a preferência descarada por pipoca doce, não seria eu.

Se não fosse as paixões de cinco minutos, as cenas que só aconteceram na minha mente e se confundem com a realidade, a certeza de vou ser levada a óbito a qualquer momento e um epilogo não preparado, não seria eu.

Se não fosse a procrastinação, a característica atribuída a cada nome, o Eliza Maria não seria eu. Se não desse uma olhada na seção de esportes do jornal do cara que senta do meu lado, as mensagens na cama que comentam as noticias do jornal, o show da Tiê, não seria eu.

Se não fossem os sonhos com pessoas há muito esquecidas, os apelidos, as abóboras, as bolhas, os cometas, o Jimmy e o Max. Se não fossem os poemas, os nerdcasts, as citações e a filosofia fajuta, o 193, o sorvete de uva passa aos domingos, a locadora, o Seu Armando e o Seu Mauricio.

Se não fosse um Big Bang dentro do peito, a solidão, a multidão, não seria eu. Se não fossem as estrelas, o Elvis, o Marlon Brando o James Dean também não seria eu. Se não fosse a Rússia, a França e Viena, não seria eu. Se não fossem as cartas definitivamente não seria eu.

Se não vencesse a vergonha, se não fosse a abelha, a corda e o tombo, não seria eu. Se não fosse o ônibus, o coral, os RPG's, a dissimulação, os segredos, a Capitu, Elephant Gun, Sherlock Holmes e os mistérios, não seria eu.

Se não fosse o cachorro escapando da coleira no meio da praça, a peça do Bumba meu boi e os professores.Se não fosse o doce de banana, o coco, as três sobremesas e o interior de São Paulo, não seria eu. Se não fosse a pesca, o sitio, a vista da chuva chegando, o banana split e a fonte luminosa, não seria eu.

Se não fosse o natal, as simpatias, fazer o que está ao alcance e além, não seria eu. Se não fosse a insegurança e a precipitação, não seria eu. Se não fosse os términos, as partidas e os adeus, não seria eu.

Se não fosse não conseguir ser vazia. Se não fosse não conseguir calar. Se não fosse as declarações de amor, e a briga por um lápis da Minnie na terceira série, não seria eu. Se não desse tudo errado não seria eu. Se não fosse o fatalismo, não seria eu.

E você pode tentar por horas me deixar culpada, mas vai dar errado, porque foi o resto da vida inteira que me fez assim.

Comentários

Camila Mancio. disse…
Gosto muito deste blog, é realmente bem bonito.
ninguém nunca vai entender. mas, eu continuo escrevendo e deixando entrelinhas...
Luís Monteiro disse…
E se não fosse essa maneira simples, esse jeito meigo, não seria você.
Outra vez me identifiquei com quase tudo. Porque se não fosse boa parte dessas coisas que você escreveu, também não seria eu.

Boa tarde moça, "_"
Violeta disse…
fazia um tempão que eu não passava por aqui, até tinha me esquecido o quão legal era ler um texto seu haha.

se cuida :)

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