- por novos pares de meias

Antes de sair da cama, Mariana percebeu algo estranho. E isso era mal. Segundo o auto conhecimento adquirido durante sua vida, poderia ter dois significados: estava ficando doente, o que era muito ruim, ou estava começando a se apaixonar, o que era ainda pior. Em uma escala que tenha como função medir acontecimentos trágicos, significava um dez. Sempre foi dessas que tinham certeza que sobreviveriam a um furacão e um tsunami, mas não a uma paixão. 

Sentou-se na cama e começou a planejar rotas de fuga. Se jogaria pela janela?Não, tinham grades. Transplantaria o coração?Não, que ideia absurda! Além de uma fila de espera que duraria o resto de sua vida, o problema estava na cabeça. E por isso, suas opções iam se reduzindo cada vez mais, assim como o intervalo entre cada batida de seu coração.

Planos. Era o que sempre fazia, deis de que havia lido em algum lugar que para uma vida feliz era necessário estratégia. Mas se retirassem a fuga em caso de incêndio, que envolvia usar do preparo físico que conseguira na academia para chegar mais rápido as escadas, nada nunca saia como no papel.

Olhou para o relógio e pensou que merecia pilhas novas, pois até o coitado parecia cansado. Na cozinha se deparou com o calendário e só aí percebeu que deveria deixar novembro para trás. Ultimo mês do ano e não havia construído nenhuma chaminé, e com tempos tão difíceis duvidava que pudesse colocar chá e biscoitos na janela. Papai Noel definitivamente ficaria sem seu lanche.

Pensou então que todo o problema estava aí, no natal e tudo que ele antecede. Mesmo crescida teria que se comportar bem?Alimentar um homem sentado num trenó puxado por renas?Esperar até a meia noite para comer?E até o dia seguinte para ver se havia mais presentes?Até o fim do ano para ter esperança?

Decidiu antecipar todas as metas de ano novo.  Não era tão inteligente?Leria mais livros. Se vestia mal?Teria mais bom gosto e paciência nas manhãs desanimadas. Não tinha sangue azul?Bom, isso não dava para  mudar mas constatou que se tornar uma versão melhorada de si não estava no poder de nenhum santo, de nenhum compromisso firmado com nenhuma divindade. Tudo dependia só da mais pura e simples vontade de fazer com que se tornasse realidade.

Hoje começaria o seu plano de revolução comprando meias novas.

Comentários

Renata disse…
Agora só consigo escrever assim.

Será que alguém ainda me lê?Fica no ar.
gabi disse…
Também preciso comprar meias O.O
Urgentemente.
Luís Monteiro disse…
Me faltam meias, jeans e camisas novas. Esta tudo muito usado. Minha meta é só arranjar um emprego mesmo...

Bjws, até breve. "_"
Ana Carolina disse…
Hahahahaha, muito bom.
Eu visualizei uma Mariana magrinha, perto de uma janelinha daquelas casas fofas de Gramado, com uma forma de biscoitos fumegantes na mão toda atrapalhada.
Camila disse…
Muito bom mesmo, te add no skoob e weheartit
Bjoos
Carol disse…
Adorei Renata! A gente é bem assim mesmo, fica sentado esperando as festas de final de ano pra se entupir de promessas que não são cumpridas. Também preciso de meias.
Adorei o blog, voltarei mais vezes!
Beijos.
http://www.doceilusao.com/

Postagens mais visitadas